NOSTALGIA NA BEIRA DO MAR
Sentei-me na orla do mar,
observando as ondas que batiam e batiam sem parar.
Uma lua enorme prateada,
jogava jatos de luz por sobre os coqueiros da praia.
O cheiro da marisia impregnava o ar
e uma nostalgia infinda
circunsdava todo o meu ser.
Mas era a magia do momento
que me fazia voltar
ao eterno mundo das recordações.
Enquanto as ondas vinham,
deixando uma espuma branca na areia,
meu coração ia seguindo aquele balanço
e se deixava levar,
por ocasiões tão remotas,
fatos que fizeram parte da minha vida
e que agora
teimavam em voltar...
Quantas vezes,
nessa mesma praia vivi momentos inesquecíveis,
quando a juventude ainda era presente
e eu sonhava, sonhava e sonhava.
Mas os tempos se foram. Passaram.
Não só para mim: todos envelheceram também.
Quantos amigos perdi pelas encruzilhadas,
uns levados para sempre pelas intempéries
e outros, ah esses outros,
perdi, pior ainda, porque ninguém é eterno
e cada um de nós tem a hora certa de ir...
Agora olhando a lua,
sinto essa brisa marinha
que vem até mim, penetrando fundo na alma,
num arrepio que vai desde meus pés,
molhados pelas ondas,
até o mais recôndito de meu âmago,
onde imagens desfilam
me levando longe, em outras épocas.
Episódios já desaparecidos há muito,
vêm à tona e eu,
passo a imaginá-los como se recentes.
Vejo as pessoas, como se elas aqui estivessem
sentadas ao meu lado.
Lágrimas teimam em molhar-me as faces,
porque aquele tempo já não existe
e tão distantes estão aquelas pessoas.
A praia se descortina imensa
e nela meus olhos se perdem.
É um momento sublime, de difícil voltar,
mas do qual eu preciso me desligar,
pois só existe um nome
para essa nostalgia: Saudade
E saudade tem que existir como um tesouro
naquele baú que abrimos, cada vez,
só para sabermos que nossa vida foi plena,
por isso gostamos de recordá-la
tantas vezes em nosso viver.
Isso diminui um pouco a sensação que sentimos
de que nada nos resta,
senão, esse belo recordar!