SAUDADE

Meus olhos se enchem de encanto

Quando volto à vida passada

Quando enxergo mamãe dando lustro

Na cristaleira hoje fechada.

Trancados nela ainda estão

Saudade em cristais trincados

O desejo de vê-la de novo

Guardando os copos usados.

Na mesinha do canto, dormente

Descansa enfeitado de pó

O telefone de disco esquecido

Que sempre foi meu xodó.

Quantas vezes deslizei o meu dedo

Na calada da noite escondida

Fechando devagar a porta

Para abafar do vai e vem o ruído.

O relógio de parede tão triste

Inerte, sem voz pra cantar

Agoniza sem as mãos de mamãe

Que sabia vida lhe dar.

Tudo o que vejo hoje em sonho

Já foi minha realidade

Hoje a sala é fictícia

E o nome de tudo é SAUDADE!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 15/03/2013
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