SAUDADE
Meus olhos se enchem de encanto
Quando volto à vida passada
Quando enxergo mamãe dando lustro
Na cristaleira hoje fechada.
Trancados nela ainda estão
Saudade em cristais trincados
O desejo de vê-la de novo
Guardando os copos usados.
Na mesinha do canto, dormente
Descansa enfeitado de pó
O telefone de disco esquecido
Que sempre foi meu xodó.
Quantas vezes deslizei o meu dedo
Na calada da noite escondida
Fechando devagar a porta
Para abafar do vai e vem o ruído.
O relógio de parede tão triste
Inerte, sem voz pra cantar
Agoniza sem as mãos de mamãe
Que sabia vida lhe dar.
Tudo o que vejo hoje em sonho
Já foi minha realidade
Hoje a sala é fictícia
E o nome de tudo é SAUDADE!