POEMINHA BESTA

Casa grande sem janelas,

repleta de escadarias.

Tantas paredes vazias

e meu olho em sentinela

busca o olhar da donzela

no quadro jamais pintado.

Vê-se o vazio manchado

de tinta branca e limpeza

dissimulando a beleza

de quem jaz emparedado.

Casa grande sem saída,

que não abriga ninguém.

só tem a mim por refém

(esta visagem sem vida).

Na sala descolorida

vê-se o espelho sem fundo

deste meu olho imundo

apodrecendo a paisagem

de deusas com molecagem

emparedando meu mundo.

Casa grande, grande lança

a traspassar meu sorriso,

casa sem teto e sem piso

onde se perde em andança.

Casa, teu nome é lembrança

da minha gris fealdade,

resto da feliz cidade,

do meu zanzar de menino.

Casa, teu nome é destino.

Casa, teu nome é saudade.

Prof Lucivaldo
Enviado por Prof Lucivaldo em 10/03/2013
Reeditado em 08/10/2014
Código do texto: T4180811
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