POEMA DE ESQUECER SAUDADE
Que saudade da minha infância querida
tão distante!
Infância de sonhos, de ilusões,
de fantasia colorida numa bolha de sabão.
Perdi para sempre meu barquinho de papel,
a caixa de grilos que me traria sorte,
a lanterna de vagalumes
e as cantigas de roda que toda tardinha
com a meninada da rua entoava!
Estórias de bicho papão,
de saci pererê e de bruxas,
de princesas prisioneiras em altas torres,
de príncipes encantados que saudade!
As brincadeiras de pique-bandeira,
de amarelinha, de bola queimada...
Ouço ainda aqueles nomes gritados
no afã de ganhar o jogo:
"corra Maria, entregue a bandeira à Luzia,
não deixe a Tereza pegar!"
E quando chovia, que alegria saltar poças
e cair dentro delas.
Chegar em casa, as roupas rotas
e sujas de barro... enfrentar os sermões.
Dormir ouvindo a sinfonia noturna
de grilos e de sapos nos arredores da casa.
Respirar o ar puro do amanhecer
e sorver o brilho dos primeiros raios do sol.
Pisar a terra molhada do jardim
e sentir o perfume das mil flores
recém desabrochadas!
Verdes prados
que a vida impiedosa levou!
A infância, a adolescência, os sonhos
e tanto de bom.
Hoje, só saudade resta
daquele tempo que quisera eu, voltasse...
Mas como aquelas primaveras, eu sei, jamais!
O passado sempre fica para trás,
a vida segue
e com ela
seguimos todos nós!