Rasuras das vidas
Rasura da vida
Pedras das idades
Solidas lembranças
Paixões e saudades
Estrela interior
Página livre do poema
Espera surgir o mundo!
Da ponta de sua pena.
Aves raras, cantos fúnebres, lua, noites dentro dos olhos.
Na boca ausente da tua.
Umbuzeiro e ventanias!
Giro ao trecho às seis horas da tarde
Rezam ave Marias
No minuto fulgaz que parte.
Menino de longos cabelos
Sangra no peito...
Magoas de exporás.
Açoite e galope
Luzes de mescalina
Estrelas de potássio
Galope de ferida aberta
Sangra em ferrugem e cansaço
Rompem-se tempos carrascos
Dores fincadas, tudo de novo e nunca mais.
Não choro palavra
Sertão, mosqueiro das cozinhas.
Reza na sala, pranto das violas.
Voz que caduca na praça
Balões de São João
Bandeiras coloridas
Pátria concebida
Lua mansa que deita comigo
Na altura da janela miro-te bela
Vontade danada de você!
Será que olha a lua assim como eu?
Sei não!
Noite vem cogitar meu pensamento
Finco os olhos pra lua vejo as crateras dentro dos meus olhos no fundo
Só poeira lá fora nos ventos do sertão
O gado calado taciturnos no curral
Meu pensamento noutro lugar
Escuto as pessoas, cada um fala através de si.
Deixo-lhes uma prece
No rumo da madrugada a alma espera...
Devagar uma estrela acender em sua porta.
O mundo se organiza
As aves cantam
Os galos precipitam-se a cantar
Deferindo seu canto de morte
A lua se banha no açude
Refletida se parte num milhão de pedaços
Fica pela noite a promessa de lindos sonhos!