Recheando cantos
Por chorar andei sozinho, resmunguei baixinho.
Do tanto de meu pranto, encharquei caminhos.
Pé por pé, ainda assim tropecei em espantos.
E desta enxurrada, fiz o verso, pra rechear seu canto.
Faça-me qualquer pedido, mas não me ponham margens.
Quero poder encher, extravasar, correr, derramar feito trigo,
Na tulha do moedor. Antes de ser espremido,
Prefiro cair esquecido no chão de um plantador.
Ruidoso, solitário, por vezes sereno. Acalmado como agua profana.
Serena alma a duvidar dos enganos, dos outros.
Lembro-me de um sorriso largo que expunha covinhas, malandras, arteiras,
Adornando a face passageira, de quem partiu chorando.