CHUVA NA VIDRAÇA
Tarde morna de domingo,
chuva a cair, lenta, mansa,
escorrendo na vidraça.
Eu entretida ouvindo a chuva
olhos perdidos no todo, no vago,
no vácuo dessa tarde de domingo.
Lembrei-me de outras tardes
outros tempos, outras chuvas
que teimavam em cair
molhando a vida,
escorrendo por vidraças
que ficaram lá atrás
perdidas nas lembranças...
Tantas recordações!
Nesse emaranhado,
envolvi-me das alegrias da infância,
doce período: risos cristalinos,
ainda posso ouví-los!
Depois,
a juventude plena, insaciável
tantos amores, uns inesquecíveis,
outros esquecidos no tempo.
Quanto viver de lá para cá,
anos e anos e anos
e a vida seguindo...
Voltei para a chuva
despertando do devaneio
esquecendo as reminiscências.
A chuva continuava a cair,
lenta, mansa,
escorrendo na vidraça!