Registros
Não há beleza.
Existe apenas um céu nublado.
Promessas de chuva.
Não há saudade.
Existe apenas a lembrança
Como as vagas do mar.
A bruma do mar.
A espumar os tempos findos
Estirados na areia.
Não há diálogo.
Existem apenas monólogos
Simultâneos, paralelos e incidentais.
E, principalmente acidentais.
O objeto se imiscui com o sujeito.
O sujeito se dilui na paisagem.
O contexto escorre pelo ralo
Do esquecimento.
Adjetivos tornam-se substâncias.
E, as substâncias não estão em si.
E há um sentimento doído
de autopiedade e solidão.
Não beleza.
A anorexia repugnante.
De faces pálidas e secas.
O mármore metamórfico
da estética contemporânea.
Somos contidos.
Pela ausência da beleza.
Somos esquecidos.
Pela ausência da saudade.
Somos incomunicáveis.
Pela ausência de diálogos.
Então, matamos.
Contundentemente.
Morremos.
Infalivelmente.
Criamos conflitos, guerrilhas,
batalhas e brigas.
Lutas idílicas com os ventos
com a história.
Não importam os motivos.
Matamos e morremos.
E, o tempo nos fecha
Silenciosamente por entre as
páginas de registros comuns
Não me conformo:
matamos a beleza.