Velhice

Adivinhas as falas e os scripts dos personagens

Dos atores e dos sujeitos

E memoriza cada posição dos objetos.

Os adjetivos ornam as situações como pérolas

Que se desenvolvem do grão de areia

para refletir a luz do sol.

Adivinhas as intenções.

Lês almas como páginas de livro antigo.

Decifras parábolas e metáforas

com a precisão dos geômetras

Arquitetas o arco do tempo

no silêncio das ampulhetas imaginárias.

O corpo já dá sinal de falência,

Porém a mente nunca fora tão lúcida,

A visão nunca fora tão nítida e atenta...

A preciosa percepção nos brinda

Com a decrepitude do reumatismo.

Há lacunas preenchidas completamente,

Residem em lógicas requintadas

Em esquemas translúcidos,

Insípidos e transparentes.

O tempo nos tatua

Nos distingue,

Nos macula.

E nos impinge:

Sejai paciente.

Sejai soberano.

E resignado com o

destino tramado pelas moiras.

No fio dourado do sol.

No fio corrido do horizonte.

No fio prateado da lua.

E nas lágrimas da manhã.

Enfim, eis a velhice.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/01/2013
Código do texto: T4066262
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