ABOIO RETIRANTE

Sou o aboio de um vaqueiro

Lembrando do seu torrão

Chamando seus animais

Montado em seu alazão

Como um canto de saudade

Vou pra longe dessa cidade

Fugindo da solidão

Vou no vento que me leva

Nas cordas de um violão

Sob um céu tão estrelado

Em cima de um caminhão

Deixo a ilusão perdida

Só reencontro a minha vida

Voltando pro meu sertão

Vou correr nos tabuleiros

Baixios, serras e serrotes

Vou rever minha morena

Que deixei buscando a sorte

Como uma chuva sertaneja

Que mesmo tardando chega

Como que chorando ao norte

Estou cansado de buzinas

De asfalto e de fumaça

Quero tomar banho de açude

Acompanhado da minha amada

Me balançar naquela rede

Perfumada a mato verde

No alpendre da calçada

Pois pra mim maior riqueza

É ver o dia amanhecendo

Com os passarins cantando

E eu comigo me dizendo

Que pra mim felicidade

Mais que matar a saudade

É sentir que estou vivendo