Papai Noel Ingrato

Papai Noel Ingrato

Pedi ao Papai Noel

Boneca linda que chora,

De olhos azuis e lourinha

Tocando uma musiquinha.

Quando foi chegada a hora,

ele me trouxe um farnel:

Só bombons n'ua tigelinha!

Uma boneca que chora

Pedi ao Papai Noel!

*

As cartas que eu escrevia

punha no altar das santinhas.

Coisas tão lindas, pedia!

Piano, bicicletinhas,

patins, fogões, panelinhas,

os broches da Shirley Tempple

vestindo azul e ciclame...

O velho, porém, não lia

as cartas que eu escrevia!

*

Aquilo que mais queria,

pois sempre tive vontade:

ganhar uma sanfoninha

bem bonita e vermelhinha

e que fosse de verdade.

E o Papai Noel não vinha...

Por que? Por que me esquecia?

Deixava-me com a vontade

Daquilo que mais queria?

*

Mas o tempo foi passando...

Foi chegando a mocidade...

Atingi maioridade

Entre glórias e fracassos,

Confiando e esperando

A vez da felicidade.

Não se desfazem os laços...

Um dia ... Oh! Que bondade!

Tive a sanfona em meus braços!

*

Contente, saí tocando...

Na vida, sons e alegria!

Meus dedos só dedilhando

As mais sutis melodias

De que hoje sinto saudade.

Naquele tempo risonho...

Sentia felicidade!

Quem realizou o meu sonho?

Foi o meu pai de verdade!

***

Maria de Jesus Fortaleza, 21/12/2012.

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 21/12/2012
Código do texto: T4047355
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