Minha Terra Natal

Terra onde muito tempo passei

Outro lugar igual jamais encontrei

Desde o dia em que nasci,

Terra dos meus queridos pais

Falar mal de ti não serei capaz

Pois lá minha infância eu vivi;

II

Terra do meu tempo de criança

Trago no pensamento a lembrança

Dos brinquedos que eu gostava,

Das grossas e sombrias palmeiras

Das belas frutíferas mangueiras

Onde embaixo eu sempre brincava;

III

O carinho com seis carneiros

Que ficava sempre no terreiro

Era minha maior diversão,

Nele as lenhas eu sempre buscava

Da campina que descambava

Lá pro lado do grotão;

IV

Já ia me esquecendo da biquinha

Que tem lá na porta da cozinha

Que maravilha... que beleza...

A água nasce lá no pé da serra

E corre clarinha sobre a terra

É o encanto da natureza;

Tinha também um monjolo preguiçoso

Fazendo seu trabalho vagaroso

Lá no fundo do quintal,

A água que nele caía

Fazendo mil curvas descia

Em direção ao bananal;

VI

Papai cedo eu ouvia seu chamado

Pra levantar ir buscar o gado

E das vacas o leite tirar,

Depressa eu me levantava

A cama quentinha eu deixava

Sem mais nada me esperar;

VII

Mamãe logo uns bolinhos ela fazia

Ainda quentinho a gente comia

Depois de rezar nossa oração,

Com o uniforme engomado

Os objetos bem preparados

Ia pra escola dar a lição;

VIII

Terra natal, ainda quase nada falei

onde o primeiro passo a escola dei

Com apenas seis anos de idade,

Onde tive a primeira namorada

Garotinha linda e educada

Que me deu grande felicidade;

IX

Ainda me resta muito que falar

Mas pra minha vida melhorar

De lá fui obrigado a sair,

Ir conhecer um novo mundo

Em busca de recursos profundos

Pro meu futuro prevenir;

X

Eu saí de casa com uma vocação

Estudar era minha intenção

E na medicina me formar,

Mas debelados foram meus planos

Hoje repito tudo soluçando

Pra minha terra eu quero voltar;

XI

Pois já estou muito cansado

De viver tanto tempo contrariado

Distante da minha terra,

O mundo judia mas também ensina

Estou aqui cumprindo esta sina

Pois o homem sempre acerta depois que erra;

XII

Terra natal, estou distante de ti

Mas ouço sonhando o canto da juriti

Lá no galho da paineira,

Pois sei que voltarei um dia

Pra retirar toda a minha alegria

Depois de terminada minha carreira;

XIII

Quero rever tudo de novo

Ver todo aquele velho povo

Que lá há muito tempo deixei,

Ver meus colegas de outrora

Que ainda os trago na memória

Talvez mudaram, eu não sei;

XIV

Quero rever as campinas

Ver as águas cristalinas

Que brotam no pé da serra,

Quero subir os montes

E de lá ver todo o horizonte

Que rodeia minha terra;

XV

Sei que deve estar tudo diferente

Mesmo assim lá viverei contente

Pois não encontrei outro lugar igual,

Pode estar tudo mudado

O passado todinho acabado

Que sempre será a minha terra natal;

HÉLIO RODRIGUES BRAZ

Membro do Centro de Cultura e da

Academia Açailandense de Letras

Com assento na cadeira nº 10.

goiano
Enviado por goiano em 06/03/2007
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