PERFUME DE MULHER
Ao revirar baús, minhas gavetas
entre livros poéticos, papéis e cartas
contendo seus mistérios
amarelados pelo tempo
na mistura entre bolores e fungos
guardando histórias e segredos
de momentos passados,
tempos idos...
onde as emoções inspiravam-se
em puros sentimentos até agora guardados,
adormecidos, repousavam até então...
meu olhar curioso capturava o detalhe
que escapava ao meio de um livro
de Pablo Neruda, intitulado, "Todo el amor"
um envelope em branco, onde envolvia uma carta...
ao abri-la, pressenti uma fragrância,
um perfume de mulher,
envolvente, penetrante, um delírio...
remetendo-me as recordações
onde meu peito agora acelerado
batendo descompassado,
me trazia a lembrança da mulher amada...
meus olhos brilharam
lágrimas vertiam
desse meu reviver, desse meu presságio,
era carta da singela donsela
na derradeira despedida
me contando sua partida
me dizendo adeus...
pois seu coração embarcava
em outro mares
em outros oceanos
e o que apartavá-nos
era nosso amor impossível
insensível, cravejados de ciúmes
e nossos amores incomensuráveis
conturbados por nos amarmos demais...,
pensativo e cativo das minhas adversidades
choro esse amor perdido
em meios dos meus livros
em meios das minhas lembranças...
Romulo Marinho