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VELHO DIÁRIO

 
 
Folheio as folhas de pecados...
 
 
As páginas sorriem desavergonhadas, em confissões
rabiscadas, jogando-me em rosto mil beijos escondidos sob árvores.
 
Adentro a noite, entre as linhas que me mostram
as cinderelas retornando dos encantos e magias,
enquanto fujo descalça, de camisola assanhada,
escondida dos guardiões de meninas
puras em suas inocentes canduras...
 
O espreitar da lua entre as folhagens
desenha silhuetas na noite.
Nesgas cintilantes calam,
alcovitando profanos momentos furtivos.
 
E (eu) cega aos perigos...
 
Não queria pureza, não queria laços
e fitas de donzelas...
Soltava as presilhas dos cabelos,
Deixando-os ao vento.
 
Rumava cega em direção ao desejo...
 
As páginas mostram um corpo moreno,
braços fortes, lábios sorridentes.
E a valsa em ponta de pés,
flutuava a liberdade, dançando
pro pecado...
 
Era pecado? As páginas tremem sob a brisa
e me perguntam agora.

 
No despontar da aurora
o retorno sorrateiro
aos lençóis...
O abraço ao travesseiro
tinha o calor de outrora

e esquecia o sono, alerta
em fazer tudo de novo,
ansiando o escurecer das horas
 
O costume educado
cobrava um pedido de
proteção,
mas a prece era
para que
não fossem descobertas

as travessuras (pedia)...
 
Agora,
fecho o livro para o escrito

de folhas amareladas
insubordinadas.

A contrição vem tardia...
Mas, se o sabor não era amargo,

e continha o doce néctar da flor,
como pedir perdão
se os pecados praticados
foram atos de amor?
 
 
MarySSantos
Enviado por MarySSantos em 12/12/2012
Reeditado em 14/12/2012
Código do texto: T4032563
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