NO JARDIM DE MINHA MÃE...
Já cresceram mãe!
As sementes que plantamos,
Floresceram mãe.
As mudas moldadas por nossas mãos
Mudaram,
Não morreram mãe,
Florejaram incessantemente pela terra,
Por toda parte.
E dos seus suaves passos
Por essas paragens,
Ficou a ponte de pêssegos,
De seus passeios passados,
N'um formato de arco.
Mas sumiu seu olhar,
Sumiu seu sorriso,
Sua presença,
Vem-me só em sonhos,
Somente em sonhos,
Em delírios que norteiam minha visão...
- Da lembrança lamuriosa de seu jardim,
Colhi o lírio da solidão.
Fazem anos que deixastes
Tua falta aqui presente,
Na inocência,
Preferistes morar entre hostes celestiais
E sem aceitar as ordens,
Do destino,
Me isolo,
Purifico-me no seu lugar preferido.
Ah, já cresceram mãe!
Já são flores as violetas,
São brancas as tulipas
Que abriam suas janelas primaveris!
Desça uma única vez,
Antes das tempestades,
Antes que as águas tudo arrasem.
Desça,
Abrace-me como antes
Ao menos acene distante,
N’um sorriso de adeus.