Do dialogo com a lápide

Quantas vezes nos surpreendemos assim

Frágeis

Carentes

Saudosos

Com vontade de conversar como conversávamos antes

Rir junto

Chorar junto

Sentir o conforto de um colo

De pessoas

Que só a morte nos permitirá reencontrar!

Nessas horas, confesso para esse papel em branco

O imenso desejo que me sobe

de correr para frente daquela lápide fria

E falar,

desabafar

e desabar sobre o tumulo

de um amigo

um parente

um amor

Como louca discursar sobre os causos do dia-a-dia

E chorar sobre os danos que a vida trouxe

Mas essa mente racional demais

não permite ao meu coração esse mínimo prazer

Minha mente fria demais

Faz-me chorar a frente dessa folha em branco

Acaso há diferença deste objeto

Para aquela lápide?

......................................................................................