Senhas

vivo em agonia plena

quem inventou a palavra fugir?

quem aventou as hipóteses,

antes de existir?

se eu fui um acidente...

uma infelicidade...

vivo em agonia secreta

meus olhos negros empalidecem de manhã

ao ver mais um sol pungente

exibindo a vida

mais assim impunemente

vivo assim por entre frestas escusas

por entre palavras secretas

por entre senhas initeligíveis

por entre textos,

conceitos,

compreensões,

a percepção de meu viver

me assusta e, então

eu simplesmente fujo...

a tua mão tépida

encotrando a minha mão

minha mão sem alma...

tenta em vão tatear a sua alma...

e no contorno mágico dos gostos,

das palavras, do

paladar imaginário de sua boca...

de sua perna musculosa e fina...

definida com exercícios musculares

muito longe dos meus exercícios

cerebrânicos...

tudo envolto de neblina permanece

a tua imagem se inclina sobre mim

como uma sombra

protetora

sinto desavergonhadamente importante...

e meus sentimentos

confusos traçam um crochê

estético

e se arremessam

num abismo de semântica

e lágrima

você jamais me entenderia

você jamais saberia

se tudo não fosse a gota

secreta do orvalho

a dar um frecor especial

a primeira rosa que nasce

num jardim qualquer

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/02/2007
Código do texto: T396830
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