Senhas
vivo em agonia plena
quem inventou a palavra fugir?
quem aventou as hipóteses,
antes de existir?
se eu fui um acidente...
uma infelicidade...
vivo em agonia secreta
meus olhos negros empalidecem de manhã
ao ver mais um sol pungente
exibindo a vida
mais assim impunemente
vivo assim por entre frestas escusas
por entre palavras secretas
por entre senhas initeligíveis
por entre textos,
conceitos,
compreensões,
a percepção de meu viver
me assusta e, então
eu simplesmente fujo...
a tua mão tépida
encotrando a minha mão
minha mão sem alma...
tenta em vão tatear a sua alma...
e no contorno mágico dos gostos,
das palavras, do
paladar imaginário de sua boca...
de sua perna musculosa e fina...
definida com exercícios musculares
muito longe dos meus exercícios
cerebrânicos...
tudo envolto de neblina permanece
a tua imagem se inclina sobre mim
como uma sombra
protetora
sinto desavergonhadamente importante...
e meus sentimentos
confusos traçam um crochê
estético
e se arremessam
num abismo de semântica
e lágrima
você jamais me entenderia
você jamais saberia
se tudo não fosse a gota
secreta do orvalho
a dar um frecor especial
a primeira rosa que nasce
num jardim qualquer