De onde eu venho...

De onde eu venho...

Promissória não se assina,

a palavra é que determina.

O belo surge a cada manhã,

erva boa, é salsa e a hortelã,

filme passa é na tela do infinito,

ameaça o cão late, rebate no grito!

De onde eu venho...

Os escritos são manuscritos,

não tem brigas nem distritos.

Só se mata para saciar a fome.

E todo homem tem sobrenome,

ninguém fica a remexer no lixo.

Respeita-se a força do crucifixo!

De onde eu venho...

Ouve-se das araras o alarido,

no quintal sabiá canta doído.

Nos bailes dançam abraçados

homens e suas damas, colados.

Ainda se ouve valsas e boleros,

canário, seriema, quero-queros!

De onde eu venho...

Não se morre de depressão,

não há ocasião para solidão.

Ainda se pisa em terra batida,

Respeita-se pai e mãe querida.

Ainda se cozinha a fogo de lenha,

Lá fora berros e vaca na ordenha!

De onde eu venho...

Tem quermesse, missa, novena,

pomares, praças, rosas, açucena.

Tem jogo de bola e festa de roça,

moça bonita, piada, risos e troça.

Tem moda de viola, sanfona, catira,

tem poeta, poesia, enredo, mentira!

De onde eu venho...

Ainda se respeita os velhinhos,

ainda se sabe nome dos vizinhos.

Ainda empinam pipas os meninos,

ainda dá o de comer aos peregrinos.

A água ainda é limpa e brota na fonte,

ainda se molha o pé da cruz no monte!

De onde eu venho...

Quem conta do novo dia é o canto do galo!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 04/11/2012
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