Minha infância na roça.

Ai! Que saudades do lampião a querosene,

Das tardes canoras do meu sertão.

Dos passeios pelas roças de café,

Vendo o sabia beliscando o mamão.

O amanhecer na roça era gostoso de ver

Ar puro, cheiro de relva, neblina na baixada,

Gado bom de leite, a ordenha quente pra beber,

O dia mal clareava eu ouvia o cantar da passarada.

Á aurora se desfazia dando lugar ao sol quente

No espigão um pé de ipê jazia florido e solene,

O vovô e o papai saiam cedo, sempre contentes,

Cultivam a mãe terra que nos dava o sustento.

A mamãe lavava roupa na vasca de sovar

A vovó compenetrada cuidava no fogão,

A lenha bem sequinha, lingüiça de varal,

Da horta a salada, nas panelas arroz e feijão.

Dois caldeirões bem recheados e café

Água fresca, pão sovado e requeijão,

Eu levava pro papai e o vovô lá no roçado

De chapéu na mão agradeciam à refeição.

Tiravam um cochilo no ranchinho de sapé,

Para distrair assoviavam uma linda canção

Trabalhavam duro, porem com satisfação,

Fim do dia, dever cumprido e paz no coração.

À noitinha já descansados e bem alimentados,

Acomodavam-se num canto sobre duas cadeiras.

Uma viola e um violão, e lindos ponteados,

E a luz do lampião realçava seus cabelos prateados.

Daqueles bons tempos ainda tenho saudade

Hoje também sou feliz morando na cidade

Mas guardo na lembrança o fogão a lenha

O vovô a vovó e o papai, minha mãe ainda vive,

Junto dela nossos corações suspiram muitos ais,

São de saudades daqueles tempos que não volta mais.

DanielFCosta
Enviado por DanielFCosta em 01/11/2012
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