UMA VALSA TRISTE

De olhos fechados. Águas profundas. Perco-me nas cores que a fantasia tem

E amargamente recordei a carícia das ondas, ferindo meus pés na areia

E nenhuma saudade restou para dar alegria ao inacabado coração.

Era o vento brincando diante do entardecer

E não mais sentia meus cabelos voando como outrora

E na boca apenas o gosto doce da morte, desenhando admiráveis cicatrizes.

Nada é tão poético como o fundo negro desse abrigo, que escraviza as minhas sensações

E quando teus lábios adormecem no meu corpo, eu quase consigo dançar

Mas o calvário é alimento e meu espírito, suavemente, tem fome.

Vai logo amanhecer, e aquele velho espelho continua a esconder o riso

Tudo seria calmaria, se ainda houvesse ternura nessa bela valsa triste

E subitamente vejo teu olhar, e talvez eu ainda alcance meus passos deixados pra trás.

ValdirMartins
Enviado por ValdirMartins em 25/10/2012
Reeditado em 25/10/2012
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