UMA VALSA TRISTE
De olhos fechados. Águas profundas. Perco-me nas cores que a fantasia tem
E amargamente recordei a carícia das ondas, ferindo meus pés na areia
E nenhuma saudade restou para dar alegria ao inacabado coração.
Era o vento brincando diante do entardecer
E não mais sentia meus cabelos voando como outrora
E na boca apenas o gosto doce da morte, desenhando admiráveis cicatrizes.
Nada é tão poético como o fundo negro desse abrigo, que escraviza as minhas sensações
E quando teus lábios adormecem no meu corpo, eu quase consigo dançar
Mas o calvário é alimento e meu espírito, suavemente, tem fome.
Vai logo amanhecer, e aquele velho espelho continua a esconder o riso
Tudo seria calmaria, se ainda houvesse ternura nessa bela valsa triste
E subitamente vejo teu olhar, e talvez eu ainda alcance meus passos deixados pra trás.