Saudades dos tempos de menina,
pulando entre o céu e o inferno.
Naquele brincar de amarelinha, 
voltando exausta para casa!

Saudades do tempo em que
para mostrar a tal igualdade,
era só jogar bola com meninos,
brincar de bets, subir na árvore. 



Saudades do "sentir-me rica"
ao ganhar a bicicleta usada.
Hoje tão em falta na calçada,
junto com os patins coloridos.  

Saudades do tempo em que 

passava anel de mão em mão.
Querer colocar o vestido novo
para ir na missa todo domingo.


Saudades daquele carteiro,
trazendo as notícias "dele",
que as vezes nem vinham.
Que ansiedade que eu tinha!


Fui criança feliz e adolescente
apaixonada: tudo isso eu sabia.
Saudades quando eu sonhava
com a vinda do meu amado...

 
O muro que eu sentava, lá está.
Mas, não sei nada daquela menina.
Virou adolescente, mulher cética,
como todas as desencantadas.
 

 

 
Railda
Enviado por Railda em 22/10/2012
Reeditado em 06/03/2016
Código do texto: T3946495
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