Saudades dos tempos de menina,
pulando entre o céu e o inferno.
Naquele brincar de amarelinha,
voltando exausta para casa!
Saudades do tempo em que
para mostrar a tal igualdade,
era só jogar bola com meninos,
brincar de bets, subir na árvore.
Saudades do "sentir-me rica"
ao ganhar a bicicleta usada.
Hoje tão em falta na calçada,
junto com os patins coloridos.
Saudades do tempo em que
passava anel de mão em mão.
Querer colocar o vestido novo
para ir na missa todo domingo.
Saudades daquele carteiro,
trazendo as notícias "dele",
que as vezes nem vinham.
Que ansiedade que eu tinha!
Fui criança feliz e adolescente
apaixonada: tudo isso eu sabia.
Saudades quando eu sonhava
com a vinda do meu amado...
O muro que eu sentava, lá está.
Mas, não sei nada daquela menina.
Virou adolescente, mulher cética,
como todas as desencantadas.