Desalento
Despe-se o tempo em vestes de despedida
Mata-se a sede da sua ausência morta em outras salivas
Vadias salivas, saudades vadias
A vida continua ávida, ela prossegue mansamente viva...
O olhar azul, patético
Em prantos relembra o final
Meu amor nunca foi contemporâneo
Ele é laço forte, ele é louco, é sentimental
Meu coração é do passado, ele é inteiro fantasia
Uma tristeza essa sua ausência, uma saudade vadia
Existe ainda aquele que aconselha e como um amigo diria
Espera o tempo Charlie, o passar do vento, o ligeiro chegar de um novo dia
Sou hoje os arcos da velha Lapa
Uma nostalgia, um velho retrato
Um ser vivendo em tempo incerto – confuso -
Trafegando por esse gelado inferno
Quando novamente os meses passarem, as chuvas rolarem
E então o quente inverno vier me aquecer
Saberei que era ela a minha poesia, a minha letra
Era ela o meu amanhecer...