Coração Dividido
Se saudade matasse, dela já tinha morrido.
Quando saio ou quando chego, sempre sinto o coração partido.
Vivo uma infinita incompletude, cada vez mais lascinante.
Quando tenho e aqui estou, outra parte está distante.
E preciso agradecer por cada metade que vivo.
Os pedaços de amor que me são oferecidos.
Não consigo agradar nem me fazer bastante.
Fico sempre suplicando este amor acachapante.
Um dia inspiro, noutro expiro.
Mas a saudade não escapa de meu peito combalido.
O vazio não se completa, falta ar a todo instante.
Sinto pena desse amor, tão presente e agonizante.
Por outro lado sou covarde, logo admito.
Não desprezo o amor, mesmo que sofrido.
Sem amor nem meio amor, vagaria minh´alma errante
Solitária, indolor, do sofrimento ignorante.
Desse jeito vou vivendo, totalmente dividido.
Na saudade e no amor, sou lembrado e esquecido.
Sinto ainda menos dor, não obstante,
Que a dor, a maior dor, dilacerante,
A de nunca ter sofrido