FRIO
Senti meus pés gelados, achei que teus me tocaram...
Olhei para o lado você não estava... Era apenas o cobertor curto.
Senti algo macio a tocar-me, achei que era teu corpo...
Olhei para o lado e você não estava... Era apenas o travesseiro.
Senti um zumbido na orelha, achei que me mordia o lóbulo...
Olhei para o lado e você não estava... Era apenas um pernilongo.
Acordei, a noite mal tinha começado, e eu perdi o sono, olhei para o lado, a cama que às vezes era pequena para nós dois, agora era grande, gigantesca...
Vários travesseiros para amparar meu pranto,cobertores para esquentar-me, nunca soube destas funções, você sempre os substituía...
Sinto saudades de teus pés gelados, teu corpo em cima do meu, tua mordida em minha orelha...
Nunca tinha reparado no tamanho deste quarto, desta cama, das coisas que têm dentro...
Nunca tinha reparado que as horas da noite, demoram muito mais tempo a passarem, como a noite é grande!
Como você sozinha, povoava meu mundo... hoje, com toda a população do mundo, estou só.
Solidão, hoje é minha maior dor, tenho saudades das cólicas renais...
Sei que não voltaras, então venha me buscar...