MARIA DE TANTAS

Onde andará Maria

Mais fria que a noite vazia

Prefiro a madrugada que nunca se sacia

E os versos poéticos por companhia

Cicatrizes são estrelas com estrias

São as marcas deixadas

Nas madrugadas de tua hipocrisia

Onde andará Maria

Seu rosto cada vez mais sumido

Por dentro de mim carcomido

Como pegadas na areia

Que a maresia

Pra longe leva e sua assinatura não assume

Como um cardume de meus queixumes

Nunca depois da onda em que no mar suspirais

Saberemos o que temos pela frente

De tudo o que já ficou para trás

Sou um livro aberto

Que a capa esconde a céu coberto

Minha Maria se foi

É o mosquito engolindo o boi

E foi pra longe dos meus derradeiros

Passos diante de meu soluçante nivor

A flor se apagou no coração de meu amor

À noite com ela é este livro que a escuridão apagou...

Retinto

Como um garrancho de rascunhos

Que o sol passou a limpo...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 22/09/2012
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