MARIA DE TANTAS
Onde andará Maria
Mais fria que a noite vazia
Prefiro a madrugada que nunca se sacia
E os versos poéticos por companhia
Cicatrizes são estrelas com estrias
São as marcas deixadas
Nas madrugadas de tua hipocrisia
Onde andará Maria
Seu rosto cada vez mais sumido
Por dentro de mim carcomido
Como pegadas na areia
Que a maresia
Pra longe leva e sua assinatura não assume
Como um cardume de meus queixumes
Nunca depois da onda em que no mar suspirais
Saberemos o que temos pela frente
De tudo o que já ficou para trás
Sou um livro aberto
Que a capa esconde a céu coberto
Minha Maria se foi
É o mosquito engolindo o boi
E foi pra longe dos meus derradeiros
Passos diante de meu soluçante nivor
A flor se apagou no coração de meu amor
À noite com ela é este livro que a escuridão apagou...
Retinto
Como um garrancho de rascunhos
Que o sol passou a limpo...