Águas de Março.

Chove,chuva pequenina.

Chove e jorra em meu peito,o que não há

mais jeito de se permitir.

Invade a casa que eu moro e lava...

Leva essa ausência,que não sabe ir embora.

Lave de vez,essa face cansada de chorar,lágrimas

quentes,ausentes de solução.

Lave a calçada,leva embora as pegadas do malfeitor.

Ah,chuva...

Lave o Janeiro passado,lave as minhas lembranças!

Limpe o meu coração de filha,que ainda chora o crime hediondo.

Chove,chuva poderosa,vence o fogo,os tiros...

Tira de mim as marcas do que eu vivi,tão só,tão

desesperadamente impotente.

Pinga,devagarinho o teu bálsamo de aguá abençoada.

Ensurdece os meus ouvidos,com a tua fúria,e leva a minha...

Seja novamente,apenas uma chuva, que me inspire.

Momentos leves,chuvosos,inocentes...

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 21/02/2007
Código do texto: T388249
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