Águas de Março.
Chove,chuva pequenina.
Chove e jorra em meu peito,o que não há
mais jeito de se permitir.
Invade a casa que eu moro e lava...
Leva essa ausência,que não sabe ir embora.
Lave de vez,essa face cansada de chorar,lágrimas
quentes,ausentes de solução.
Lave a calçada,leva embora as pegadas do malfeitor.
Ah,chuva...
Lave o Janeiro passado,lave as minhas lembranças!
Limpe o meu coração de filha,que ainda chora o crime hediondo.
Chove,chuva poderosa,vence o fogo,os tiros...
Tira de mim as marcas do que eu vivi,tão só,tão
desesperadamente impotente.
Pinga,devagarinho o teu bálsamo de aguá abençoada.
Ensurdece os meus ouvidos,com a tua fúria,e leva a minha...
Seja novamente,apenas uma chuva, que me inspire.
Momentos leves,chuvosos,inocentes...