A Sentença que lhe fora dada
Os pulmões resfolgam impetuosamente.
O coração encontra-se num frenesi.
O estômago vira, revira, remexe.
Há um turbilhão de imagens que,
rapidamente, lhe parecem abstratas.
A sentença lhe fora dada.
Sou como o húmus que decompõe a carne que,
Inóspita, se degrada na fria terra.
Sou como um tumor que,
sorrateiramente, se manifesta e domina
cada parte que ainda tenha vida.
Sou como o vírus que
manifesta rápida e inesperadamente.
Sou como a ferrugem que
corrói e destrói com o decorrer do tempo.
Sou cada lembrança que,
impetuosamente, lhe perturba.
Sou, muitas vezes, a sentença de morte
Do ontem,
do hoje,
do amanhã.
Eu sou a doença que se chama...
Saudade.
(05 de junho de 2011)