SONHO DE DOIS, CHUVAS DE UM
(Sócrates Di Lima)
Sob a chuva ela bateu nos meus sonhos e disse:
- Vem, dá-me tuas mãos, vem...
Seu jeito trigueiro me seduziu sem resistência,
E segui nas tuas mãos como quem,
Hipnotizado, sonâmbulo caminha sem referência.
Me levou para o campo dos sonhos belos,
Onde a beleza púrpura fez-se dominante.,
Onde flores e cheiro de ervas rodeavam castelos,
Abrigos da paixão, do amor, do coração amante.
Um dia de chuva que umedecia a paz e harmonia,
Mas, o calor dos corpos exalavam em sintonia.,
Como as mãos que me conduziam em poesia,
Cantada numa doce e suave melodia.
E eu me deixei ir, voei nas naquelas asas sem recusar,
Absorvi luzes na fonte da luz do seu olhar.,
Cantei com ela canções de fazer ninar,
E em abraços cedi para o amor concretizar.
E a chuva fina cobria nossos corpos em brasa,
Expelindo nuvens como vapores condensados.,
Produzindo testosterona e estrógenos em massa,
Libertando desejos irreverentes e fecundados.
E naqueles braços eu me perdi naqueles dias,
Onde as chuvas eram precursoras das fantasias.,
E que desse sonho acordar eu não queria,
Morrer de amor e teso era o que eu pretendia.
Dias de chuva que me traz muita ansiedade,
São dias que o coração se torna nublado.,
E o corpo pede calor por necessidade,
Para não fenecer na saudade do amor deixado.
E eu amei e fui amado, com certeza,
É por isso que a chuva me é abençoada.,
Nela eu me entrego como parte da natureza,
Por que sei, é na chuva que ela vem me buscar para ser amada.
Assim, quando chove...
Despido de mim me perco naquelas curvas,
E meu corpo todo absorve,
A saudade do amor em gotas sólidas das chuvas.