Do orvalho meu...

Sempre lembro-me de ti...

Terna gotinha de orvalho que nunca choveu.

Choveu apenas dos olhos meus...

E sempre que lembro-me

Desejo cortar-me com o "fio"

"Navalha" da vida.

Foi numa bifurcação...

E tive eu que deixar-te

E eras um ponto

E fiz um "parto"

Um pacto - com "demônios" de mim

E te arranquei da vida minha.

E virgulei.

E respirei fundo.

E tento não olhar para trás

Às entrelinhas da caminhada minha.

São tantas virgulas

Que poderiam ser ponto...

E tu... que nunca deverias ser ponto.

Ponto nenhum.

E guardarei, então, a ti

Até a hora da morte minha.

De que cores seriam os sonhos teus?

Os meus?

Depende do dia...

Hoje estão todos opacos

Nada vibrante.

Vibrante apenas o pesar meu

De virgular e ter que caminhar eu

E orvalhar-te nos olhos meus

Sempre, sempre...

E quando chove

Lembro-me do que nunca pôde ser chuva

Apenas orvalho frio

Que brotam dos olhos meus.

Karla Mello

08 de Setembro de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 07/09/2012
Código do texto: T3870756
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