ESCRIVANIHA
Pequeno quadrado,pedaço virgem,
Traçado reto que inventa arte,
Fileiras grafite,antes imensa árvore,
Celulose gigante,hoje cinza paisagem.
Borrado desenhos,toscos e encardidos,
Juntando palavras procura montar,
Capaz de parir,escritas doces,
Máquina de dedos,poema-amar.
Tinta-metade em períodos gramáticos,
Bocal mordido que pede uma pausa,
Grifado aceso,sentidos estéticos,
Linguagens vivas que mudam a página.
Vozes criadas de simples rabiscos,
A folha preenche seguindo a métrica,
Cardápio de: versos,contos,novelas,
A obra ensaiada,enfim ganha vida.
A data no canto é marca do início,
Na margem a maiúscula dar o tom da levada,
Dois pontos indicam,possível fala,
Que pensa na amada,amor tão possível.
Parado ao esboço uma lágrima avisa,
Tem bela singela sendo lembrada,
Narra romance o dono da escrita,
Colando-beiço,a carta endereçada.