Em uma tarde de verão,
você curvou suas asas sobre mim
me engolfando, em silêncio triste.
Não me reconheceu,
pois meu rosto agora é ilusão.
Não sou feita de matéria,mas sim
de memórias,onde corpos parecem
fumaça e almas, arrastam-se
carregadas de saudades e lembranças.
A memória traz um cheiro antigo
de igreja silenciosa,onde raramente
celebram cultos;o musgo cresce
nas pedras,onde tentáculos
de heras invadem os vitrais coloridos;
não ouço o sino bater nem o orgão tocar.
A pia batismal está manchada de esquecimento.
Entro no confessionário vazio,
onde não confessei meu amor,que demorou-se
no ar dançando em minha frente,
como se fosse uma palavra proibida....
Sinto a embriaguez dos momentos passados,
transbordando com o gosto do vinho,
que brindamos em outros tempos.
Lembro com saudade de suas asas
que em uma tarde de verão,
Curvaram-se sobre mim.........