Morte Triunfante
Enfim te vejo em serena palidez,
Os olhos revoltos em desesperos,
Perderam-se as cores de placidez,
A roer-te até os brancos cabelos!
Agora tua fronte assim frígida
Tem as rugas da tua mortandade,
A beleza cadavérica e tão lívida
Dos suspiros mortais da fatalidade
Agora nesta tumba esquecida,
Teu gélido corpo apenas apodrece,
Quando o dia em sua luz aquecida
A tua alma morta lhe traz uma prece!
E essas tuas mãos rastejam rentes,
A mortalha que te cobre em luz,
Serpeiam nas trevas como serpentes
Que se enroscam a tua maldita cruz
Mas teu evangelho fora a lascívia,
Deitada em sua sepultura profunda,
A flor roxa que se desbota tão nívea
Umedece essa tua fronte imunda!
Sete palmos abaixo desta tua terra,
Enforquei teu espírito tão debilitante,
Aos féretros do caixão tudo encerra,
Pois a morte será sempre triunfante!