café amargo... até parece perfume!
e agora,
posso ao menos saber o cheiro
do perfume que te levou...
não adianta mentir, há perfume.
o tempo foi dado.
teu perfume já saiu do meu quarto,
e foi pra lá...
como é lá?
lá é bom?
por que fostes mesmo?
o café já esfriou...
a mão vai largando levemente a maçaneta.
livremente.
a porta se fecha atrás de mim.
enxugo o rosto molhado,
três passarinhos atravessam a minha janela.
três não, dois
e um solitário abandona o grupo.
e some no poente.
vai beber seu café amargo e frio.
chega! chegou.
meu sorriso te encontra
mas este é apenas um.
"Sente-se um pouco, quer um café?"
foi o café. estava amargo.
estava diferente. não sorria.
teu sorriso, não havia.
teu sonho, acabou.
teu amor, foi afogado num gole demorado.
que levou consigo toda a minha esperança...
para o deguste íntimo das últimas papilas.
um gosto diferente, mais amargo.
café, talvez. mais amargo.
perfume.
devolvido ao mundo.
pigarreado em soluços de sozinho.
só.
somente.