café amargo... até parece perfume!

e agora,

posso ao menos saber o cheiro

do perfume que te levou...

não adianta mentir, há perfume.

o tempo foi dado.

teu perfume já saiu do meu quarto,

e foi pra lá...

como é lá?

lá é bom?

por que fostes mesmo?

o café já esfriou...

a mão vai largando levemente a maçaneta.

livremente.

a porta se fecha atrás de mim.

enxugo o rosto molhado,

três passarinhos atravessam a minha janela.

três não, dois

e um solitário abandona o grupo.

e some no poente.

vai beber seu café amargo e frio.

chega! chegou.

meu sorriso te encontra

mas este é apenas um.

"Sente-se um pouco, quer um café?"

foi o café. estava amargo.

estava diferente. não sorria.

teu sorriso, não havia.

teu sonho, acabou.

teu amor, foi afogado num gole demorado.

que levou consigo toda a minha esperança...

para o deguste íntimo das últimas papilas.

um gosto diferente, mais amargo.

café, talvez. mais amargo.

perfume.

devolvido ao mundo.

pigarreado em soluços de sozinho.

só.

somente.

Rivaldo Júnior
Enviado por Rivaldo Júnior em 21/08/2012
Código do texto: T3842420
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