SAUDADE LATENTE

TRAGO DENTRO DE MIM UMA SAUDADE SOFRIDA,

DOS TEMPOS DE OUTRORA, TEMPOS QUE

NÃO IRÃO VOLTAR...E ESSA SAUDADE QUE

DOI NÃO VAI EMBORA.

SAUDADE DE ANDAR DESCALÇO, AMASSANDO

O BARRO DA ESTRADA DE TERRA, DE OLHAR

PRA BEM LONGE E VER O VERDE DA SERRA.

SAUDADE DO BARULHO DA CANECA CHEIA DE

MILHO, SACUDIDA AO LÉO, ERA MINHA MÃE

CHAMANDO AS GALINHAS, QUE COMIAM, BEBIAM

ÁGUA, E ATÉ HJ NÃO SEI PORQUE, OLHAVAM

PARA O CÉU.

SAUDADE DA CANOA DE UM TRONCO SÓ, ONDE

EU REMAVA EM PÉ, QUE VINHA CHEIA DE PEIXE,

BAGRE, CORVINA, TAINHA...ERA TANTA FARTURA,

ERA MUITO PEIXE QUE VINHA.

SAUDADE DOS GRITOS DE MÃE, CHAMANDO PRA

ALMOÇAR...NA MESA TINHA GALINHA, LINGUIÇA

DE PORCO, MORTADELA E TAINHA.

SAUDADE DOS PUXÕES DE ORELHA DE MEU PAI,

QUE PARECIA SER FORTE, MAS QUE NADA, EU FICAVA

NA PONTA DOS PÉS, E DOR NENHUMA EU SENTIA...

MESMO CHORAVA SENTIDO...PRA ELE NÃO PERCEBER

QUE EU FINGIA...

SAUDADE DO LEITE NINHO COMIDO AS PRESSAS,

QUE AGARRAVA NO CÉU DA BOCA, PRA VÓ JUSTINA

NÃO PERCEBER QUE ESTAVA PEGANDO, SE ALGUÉM

FALASSE COMIGO NAQUELA HORA, IA ACABAR

ENGASGADO.

SAUDADE DAS NOITES DE LUA CHEIA, ONDE BRINCAVA

DE BANDEIRINHA NO TERREIRO DA TIA MARIA...AI COMO

DÓI A SAUDADE DESSA TIA...VOU TERMINANDO ESSA

POESIA, POIS SE FOR FALAR DAS SAUDADES QUE

TRAGO COMIGO...PRECISARIA UM LIVRO...

JMAGNO

JMAGNO
Enviado por JMAGNO em 18/08/2012
Reeditado em 18/08/2012
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