SAUDADE LATENTE
TRAGO DENTRO DE MIM UMA SAUDADE SOFRIDA,
DOS TEMPOS DE OUTRORA, TEMPOS QUE
NÃO IRÃO VOLTAR...E ESSA SAUDADE QUE
DOI NÃO VAI EMBORA.
SAUDADE DE ANDAR DESCALÇO, AMASSANDO
O BARRO DA ESTRADA DE TERRA, DE OLHAR
PRA BEM LONGE E VER O VERDE DA SERRA.
SAUDADE DO BARULHO DA CANECA CHEIA DE
MILHO, SACUDIDA AO LÉO, ERA MINHA MÃE
CHAMANDO AS GALINHAS, QUE COMIAM, BEBIAM
ÁGUA, E ATÉ HJ NÃO SEI PORQUE, OLHAVAM
PARA O CÉU.
SAUDADE DA CANOA DE UM TRONCO SÓ, ONDE
EU REMAVA EM PÉ, QUE VINHA CHEIA DE PEIXE,
BAGRE, CORVINA, TAINHA...ERA TANTA FARTURA,
ERA MUITO PEIXE QUE VINHA.
SAUDADE DOS GRITOS DE MÃE, CHAMANDO PRA
ALMOÇAR...NA MESA TINHA GALINHA, LINGUIÇA
DE PORCO, MORTADELA E TAINHA.
SAUDADE DOS PUXÕES DE ORELHA DE MEU PAI,
QUE PARECIA SER FORTE, MAS QUE NADA, EU FICAVA
NA PONTA DOS PÉS, E DOR NENHUMA EU SENTIA...
MESMO CHORAVA SENTIDO...PRA ELE NÃO PERCEBER
QUE EU FINGIA...
SAUDADE DO LEITE NINHO COMIDO AS PRESSAS,
QUE AGARRAVA NO CÉU DA BOCA, PRA VÓ JUSTINA
NÃO PERCEBER QUE ESTAVA PEGANDO, SE ALGUÉM
FALASSE COMIGO NAQUELA HORA, IA ACABAR
ENGASGADO.
SAUDADE DAS NOITES DE LUA CHEIA, ONDE BRINCAVA
DE BANDEIRINHA NO TERREIRO DA TIA MARIA...AI COMO
DÓI A SAUDADE DESSA TIA...VOU TERMINANDO ESSA
POESIA, POIS SE FOR FALAR DAS SAUDADES QUE
TRAGO COMIGO...PRECISARIA UM LIVRO...
JMAGNO