Perdido no Vazio
Aqui, as vésperas do passado e de
frente para o futuro defronto-me com
o que me resta das arestas da saudade
que me corrói.
Feridas e chagas abertas, curas de nada
valia não havia mais tempo de criação.
O tempo não espera é tufão, devasta vida
sonhos e ilusões; ao atar-me ao presente,
coloco vendas para não ver as brechas, as
lacunas que me cercam nas quais estou a
ponto de cair.
O eu-lírico desaba, nas fagulhas, encontra
sorrisos mais todos perdidos, sem sentido
preciso para resguardar o passado, e acolher
o futuro.
Sem presente vivendo o hoje, trilho caminhos
que do lugar nenhum me levam aos labirintos
sem saber se foi ontem, ou se será hoje,
perdido, absolutamente sozinho, em meio a
multidão, continuo no vazio.