O BAIRRO

Sobre o bairro que era terra e poeira

Brincávamos sobre os montes de pedra e areia

Escondíamo-nos dentro das filas de manilhas

E a vida era vivida como se não houvesse outros dias

As casas eram como uma grande maquete

Todas iguais com pessoas diferentes

Mas alegres pela mesma conquista

Dividias em parcelas infinitas

Aos poucos o bairro se erguia

E a nossa vida se construía

Entre as aventuras de menino

Havia mágica em tudo aquilo

Tudo era marcado por vários personagens

E hoje os guardo em várias imagens

A rua, os amigos e as belas árvores

Talvez exista algo naquelas árvores

Que abrigava a alma de nossa infância

E nos ajudava a sermos mais criança

Nas sombras das árvores, nos espaços dos eucaliptos

Apostávamos corrida e jogávamos bola

Empinávamos pipa enquanto o vento entoava uma brisa sonora

Rica, leve e perfumada pela essência da inocência

Adicionado a belos momentos sem maiores responsabilidades

Por fim não havia discriminação, credo, origem ou idade

O pega a pega, o pé na bola e a quadra da escola

As festas juninas e o fim das aulas

A pracinha e o tanque de areia

Os melhores amigos e o primeiro amor

Tudo era temperado com um rico sabor

A casa era simples com um grande quintal

Com direito a horta, verduras e matagal

Havia o contato com a terra

De se encardir as roupas o pé e a alma

Havia vida e alegria naquilo tudo

Havia certa dificuldade mas felicidade

Havia fartura com simplicidade

Pequenas brigas com amizade

Mas aos poucos o bairro foi se transformando

Ficando maior, as casas se modificaram

Muitas pessoas mudaram

Surgiu uma cidade dentro da cidade

Novas construções erguidas e o comércio se ampliou

Novos bairros a prefeitura criou

E os eucaliptos hoje são menos volumosos

E a terra cedeu lugar ao concreto

O menino teve que se mudar

Deixou a rua, os amigos, as árvores e as brincadeiras

E hoje é homem e tem família

Mas a memória é rica sobre aqueles dias

As árvores e o pequeno bosque ainda existem

E ainda que um pouco imperceptíveis

Ainda conseguem guardar aquelas sombras e exalar o mesmo cheiro

De infância bem vivida e de amor sem mácula e perfeito

Fabrício S Lima
Enviado por Fabrício S Lima em 31/07/2012
Reeditado em 13/08/2013
Código do texto: T3807372
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