O OCASO DE UM ENTARDECER
Ontem tua saudade
levou-me à beira do rio,
Onde num prelúdio do ocaso,
O sol em brilho de majestade,
Antes de se tornar tênue e raso
derramando cores na tarde,
ao declinar-se, nos viu.
Pintou o vesperal de abril
na moldura dos cabelos,
e no rosto em alto relevo
de ouro teu sorriso tingiu.
Rendeu-se à luz dos teus olhos,
dos quais eu fiz de espelho,
depois aos poucos sumiu.
Então no fusco derradeiro
Vagaram sussurros escassos.
A boca selou num beijo,
o arrepio no toque do abraço,
porém nada veio depois,
e batidas em descompasso
disseram adeus por nós dois.
Hoje, em outra realidade
desperto numa tarde vazia,
degustando na doce saudade
o amargo em rude crueza,
denunciando uma certeza:
Não haverá mais entardecer
sem que eu lembre de você.
foto: do Autor