Derradeira centelha

Com o amargo sentir que me arranca e encarcera

Lá dentro de mim o que fui, o que eu era,

Ao lembrar-me de nós, tudo é desesperança!...

Inventando que tudo inda é parte do agora,

Reinvento um viver já perdido no outrora

E, mentindo pra mim, faço disso a vingança.

De ti faço a mentira, a verdade, e essa hora

Em que adentro esta caixa que sou! Da pandora

Latente que, em mim, ressuscita a criança!

Usurpado na essência e entregue em penhora

Nos sonhos, na fé, na beleza, na aurora,

Eis que foge-me o lume... E me fica esta herança!

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Luiz Roberto Bodstein
Enviado por Luiz Roberto Bodstein em 24/07/2012
Reeditado em 14/08/2014
Código do texto: T3794501
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