MEU VELHO
Meu caro, dentro de você
Soluça um velho sem ilusão
Há sua feição resignada
De quem já cumpriu a missão
Nos seus olhos, meninas pulam amarelinha
Meninos doidos rodam peão
Mas há o tempo escorrido no teu rosto fino
Há suas mãos trêmulas que pedem perdão
A voz embargada, laivos de arrependimento?
Um corte de vidro, feridas no coração
O bolo de milho, rugas fundas
Há um soluço escondido no aperto de mão
A vida que se acaba, indiferente
Um trem parado na estação
O passo vagaroso, vacilante
Há um sino, uma prece, uma canção
Um último pedido a Deus
Uma lágrima teimosa, uma oração
O homem se esvai no fim da lida
Há a ausência da vida e solidão!