NO TEMPO DO AMOR
No tempo do amor platônico
Falávamos com olhares
Verdades sem ironias
Das portas dos nossos lares
No tempo do amor ideal
As moças eram mais bonitas
Às vezes eu me matava
Sob estrelas infinitas
No tempo do amor romântico
Eu escrevia poesia
Sem que ela soubesse quanto
Somente um amigo lia
No tempo do amor total
Meu olhar tinha pudor
Um pecado ver demais
Mas eu via em cada flor
No tempo do amor novela
Namorava no sofá
A mãe trazia café
E o pai do lado de lá
No tempo do amor sem fim
Se pedia de joelhos
Era raro ouvir um não
Mas nós ficamos mais velhos
No tempo do amor secreto
Se vocês vissem, crianças
Éramos puros e cegos
Mas repletos de esperanças
No tempo do amor cristão
Eu ainda não era ateu
Chegou o amor digital
O analógico morreu
No tempo do amor e tal
Foi coisa de antigamente
Racionalizaram tudo
Não vejo ninguém contente