O RETRATO
Eu tenho um retrato
De quando menina eu era
Hoje mulher feita
Passeio meus olhos sobre ela
Com uma consciência madura, mas feliz.
Avalio a passagem do tempo
De forma positiva e amorosa
Dessa forma evito comparações indesejáveis
Que me possa dar bom dia à tristeza
Trazendo assim mais um dia infeliz
Para a uma vida tão singular.
A única diferença que noto
É a amarelidão do papel.
O resto continua lá...
Meu sorriso infantil
Agora está bem escondido nos cantos dos lábios
As rugas que me apontam
Já estavam lá
Presas nas retinas
Esperando a penas o sofrimento
Para aflorarem
E ali ficarem
Nas laterais dos meus olhos
Como agora estão
Dando-me uma beleza concisa e pertinente.
Os meus cabelos cor de milho
Escureceram
Perderam os cachos e o brilho
Porém ficaram ainda mais bonitos.
Olhando assim o meu retrato
E fazendo esse breve relato
Consigo ver no meu amarelado retrato
Que eu ainda estou lá
Eu ainda sou aquela menina
Sentada naquela porta
Com meu vestido azul rodado
Que o tempo maculou
Apenas para retocar a beleza
Para o deleite dos meus tão sofridos olhos.