A voz traiçoeira da saudade.

A saudade pisoteia, enfeia, afronta.

deixa a alma bamba, manca,

faz do coração barata tonta,

Quando chega alforria a dor,

faz desaguar cada lágrima guardada pra dia nenhum,

torna nossa vida sem vida.

Seus tentáculos são aves de rapina,

que desafinam o respirar, o gozar,

que nos deixam ilhados em nós mesmos pra sempre.

Sua voz é rançosa, entalada, surrada,

quando infecta o peito deixa tudo breu,

quando invade o tempo nada mais teu.

A saudade é traiçoeira, vil, suja,

seu andar cambaleante nunca chega aonde quer,

quem quiser entender o que sairá do seu ventre, desista,

quem pretender traduzir qualquer gota do seu suor, tempo perdido.

Mas terá o dia da desforra,

quando cairá por terra cada flanco encardido do seu rastro,

então poderemos flagrá-la desnuda, desarmada e então, por certo,

finalmente deixaremos voar o quinhão de alma que ainda restou em nós.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 18/07/2012
Código do texto: T3784115
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