Ser, estar e existir
Quando será o tempo de existir?
Tenho observado as minhas folhas
Conjugadas no inverno do verbo ser
E apenas uma vírgula nos separa do universo.
Nas outras estações,
Há um trilho que me leva ao destino de estar.
Esse foi o presente que a vida me deu, essa calma no falar,
E as constantes reticências que tremulam depois de cada passagem de clima.
Minhas anotações também se foram,
Perderam-se no caderno que deixei sobre a cadeira na sacada.
Foi a chuva que lavou mais que as lágrimas dos teus olhos nas mesmas folhas
Borraram para sempre os versos tristes que o tempo não pode apagar do meu peito.
Mas não fique triste paixão,
Pois nosso bosque sempre será nosso,
As árvores que entalhamos nossos nomes
Certamente estarão lá quando tempo do nosso verbo final passar.
Hoje o vento soprou forte os teus cabelos
Olhei seus galhos e o outono anunciou no fim do ciclo da minha vida.
Fechei os olhos e cantei uma canção Pairei por novos campos, não mais como folha,
Tornei-me semente conjugada nos verbos Ser, Estar e Existir.