Saudade

Trago um bom bocado de nada

Embolado nesta garganta seca

E lavo o rosto com esta água,

Salobra e fria, que nasce dos olhos.

Por meu aspecto, já tive nomes

Tantos quanto suportei ter

E, de certa forma, me acho

Parecido com nome algum.

Mais me vejo como sol

Que resseca a poeira e a pedra

Que sombreia as rugas

Mais profundas do deserto.

Nunca fui para mim mesmo

Alguém, por mal existir

Sem outros para me conter.

Enfim, sou ausência.