SERESTA
Morre a tarde com o cantar da passarada,
E nasce a noite, em véu de prata engalanada,
Prenunciando um amanhecer de liberdade...
Mas a incerteza dentro d'alma se me assalta
E a inquietude me abraçando em tua falta,
Chega trazendo novamente esta saudade.
E torno tonto a reviver nosso passado,
Como se o tempo não tivesse caminhado,
Como se tudo fosse crível novamente.
O aventurar em mil quimeras já passadas,
O desnudar de nossas almas irmanadas
No mesmo ardor que nos uniu insanamente!
Dentro do peito eu sinto ainda este desejo,
Sinto meu beijo agasalhado por teu beijo,
Sinto teu gosto misturado no meu gosto...
E no silêncio desta terna madrugada,
Revendo as liras que escrevi pra ti, amada,
Sonho acordado e canto as notas do teu rosto!