ALMAS FERINAS.

Saudade é açude que arde,

é voz que encarde,

é punhal que não dorme.

Sua alma é ferina,

seu sangue jorra machucado,

sua cor é cinza e azeda.

Saudade é pasto imenso,

vendaval que sai das bocas de Deus,

é enxame de dor sem alforria.

Seus gritos são infinitos, são anônimos,

seu choro faz o tempo perder o rumo,

seu sumo dilacera todas melodias do coração.

Saudade é fogaréu pantanoso,

embriaga a fé com todas suas armadilhas,

é alcapão, é arpão, é cadafalso.

Quando chega, faz o mundo engasgar até morrer,

quando entorna, faz os ossos estrebucharem sua alegria,

quando goza, faz a paixão desparafusar todas suas faces,

todos seus fôlegos, todos seus festins.

-----------------------------------

visite o meu site www.vidaescrita.com.br

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 17/06/2012
Reeditado em 17/06/2012
Código do texto: T3728438
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.