SEM RIMA 193.- ... aves fénix ...

Sempre há esperança,

apesar dos aerólitos,

dessas pedras do ar

que esmagaram dinossauros

e quase todas as ervas...

(Mercê de aquele esmigalhamento

hoje possuímos ouro negro a esgalha*,

segundo noticiam os noticiários

sobre as sucessivas prospeções

que furam a pele da Mãe Terra...)

Sempre há esperança, sempre

aninharemos - pessoas crentes -

nos corações, ou noutras partes

do corpo, brilhantes aves fénix

de penas douradas e vermelhas,

águias da morte e da vida,

capazes de auto-comburir e renascer,

passado o tempo da prudência

e da dor...

Para a original, dizem,

o tempo da prudência mediava

entre os quinhentos anos

e os quase um cento de milhares.

Para os anos da nossa vida

esses tempos parecem excessivos.

É por isso que os acomodamos

e apenas nos concedemos dez

anos para os divórcios e menos

(de quatro a sete), para elegermos

os denominados representantes

do Povo, nossos queridos dominadores.

(Em consequência, ficamos felizes e até alegres

por nos criarmos aves fénix tão jeitosas...)

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(*) "esgalha" s. f. (1) Acto ou efeito de esgalhar. (2) Esgalho, ramo que foi esgalhado.

loc. adv. 'a esgalha': em abundância: "ter dinheiro a esgalha"; "há batatas a esgalha".