SAUDADE ATROZ
(Sócrates Di Lima)
Rasga-me o peito,
Esta saudade devassa,
Corta sem jeito,
E a dor não passa.
Saudade que fere, machuca,
Saudade que não se rende à morfina,
Esta saudade " filha da puta" ,
Que me deixa na vil adrenalina.
Saudade viscosa,
Que derrama e gruda sem compaixão,
Como lava derrete a vontade rochosa,
Toma o corpo, a alma e coração,
Saudade bandida,
Larga e profunda,
Saudade introvertida,
De grandiosa, abunda.
Saudade louca e intolerante,
Que risca como o fio da navalha,
Que corta sem efeito cicatrizante,
E no pensamento se espalha.
Saudade contuso, perfuro cortante,
Que eu mesmo alojei no peito,
Abri uma fenda alargante,
E fixei esta saudade que me é bem feito.
Saudade que é uma " porra louca" ,
Viciosa, cheia e sem melancolia,
Que traça minha vontade nociva como pouca,
Transfigurada, amordaçada, rasgada na poesia.
Saudade que chega voando,
Feito ave de rapina,
E que vai me rasgando,
De baixo acima e fulmina.
Mas....saudade que que, de Eu, de você?
Ah! Esta saudade maluca e atroz,
Saudade do tudo, que teve um por que?
Esta irretocável e intransferível saudade de vcoê, de nós.