SEM RIMA 178.- ... Lorca e Rosalia ...

O poeta andaluz Federico García Lorca escreveu, junto do deu amigo, o saudoso professor galego Ernesto Guerra da Cal, "Seis poemas galegos" (1935). Um deles está dedicado à poeta galega Rosalia de Castro, que transcrevo na versão que oferece o próprio Guerra da Cal no seu "Rosalia de Castro. Antologia poética. Cancioneiro rosaliano" (1985):

Ergue-te, minha amiga,

que já cantam os galos do dia!

Ergue-te, minha amada,

porque o vento muge, como uma vaca!

Os arados vão e vêm

de Sant'Iago pr'a Belém.

De Belém para Sant'Iago

um anjo vem com um barco.

Um barco de prata fina

que traz a dor da Galiza.

Galiza deitada e queda

transida de tristes ervas.

Ervas que cobrem teu leito

e a negra fonte dos teus cabelos.

Cabelos que vão ao mar

onde as nuvens tême seu manso pombal.

Ergue-te, minha amiga,

que já cantam os galos do dia!

Ergue-te, minha amada,

porque o vento muge, como uma vaca!

.....................

E calo. Calo. Mais não digo.

Que posso eu dizer da Poeta,

dos poetas e do poema: Nada.

absolutamente nada... Silêncio

e reflexão. Mais nada. E mostrá-lo

ao mundo recantista, que com certeza

já conhecerão a Poeta, os poetas e talvez,

talvez a leitura do poema os terá cativado...