Meu cajueiro
 

Carregado d` excelentes cajus
vermelhinho da cor do tomate
dando bons frutos em abundância
matando a minha tão íntima form.
 
Quando regressa da escola
ao meio dia m` encontrava
com aquele velho amicíssimo
propício de todos os bons tempos.
 
Jamais t`esquecerei companheiro
sem cajus estive nos teus galhos
brincando na tardança da tarde
no despontar da infinita noite
colorida pelos  vaga-lumes.
 
No vale dos dezenove anos
deixei o abrigo lá no cajueiro
fiquei muito trintonho no quintal.
 
Vi o cajueiro cajueiro melancólico
com muitas folhas amareladas
subitamente surge um galhinho
com uma pequena florícula
logo nas primícias de dezembro.
 
Fiquei muito perplexo
brotando uma florzinha
no dia em qu`eu viajara
não tardou o caju brotou.
 
Vermelhinho da cor do sangue
que escorregava nas inhas veias
vi que o cajueiro confrade
desejava me congratular
um caju dantes qu`eu partisse.
 
Vi no seu gigantesco tronco
uma montanha de mágoas
rolando tão desesperada
senti qu`ele estava chorando
estreitei ao peito a sua tristeza
 
Porém, deixei muito tácito
o meu estimado cajueiro
e parti pro Rio de Janeiro.



ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 02/06/2012
Reeditado em 09/09/2012
Código do texto: T3701001
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